O outro apaixonado por Marília de Dirceu

23 significava Bela naquele nome. Ficaria encantada com a cas- cata que se despencava sobre as pedras, urrando, e o ribeirão rolando com suas águas puras. Os pássaros espiando os dois num enleio de amor realizado. Quando os ipês, encarapitados nos ombros dos montes e na bacia dos vales, se vestissem de flores, em agosto ou setembro, a vida haveria de ter mais beleza. De repente despertou e sussurrou para dentro de si: “Sei lá. Penso cada coisa que até fico besta”. Na praça, a menina-moça já não estava. Será que em casa se lembrava dele? Sentiu como se o tempo para a aproximação daquela menina ainda estivesse a caminho. Vinha chegando. Temia que, se falasse com o pai dela, poderia ouvir: “A Maria Doroteia ainda é uma menina”. Ao se aproximar da entrada3 da fazenda, tocou o cavalo num galope. Esbarrou o animal. Puxou uma garrucha de um embornal dependurado na cabeça do arreio, que sempre car- regava do lado direito. Meio zonzo. Apontou para a placa. Desviou a mira e atirou na copa do pé de cedro. Os chumbos cortaram algumas folhas. Depois do estampido, um grito: — Teteia! Em casa colocou cinco espigas de milho para o Chamusco, como sempre fazia. Era uma espécie de ritual de agradeci- mento. A besta Cigana não apareceu. Estava longe, no pas- tinho feito de cerca com lascas e troncos deitados, uns sobre os outros. E um trecho com cerca de pedra. Assobiou. Jurou para si que Maria Doroteia olhara para ele com olhos mais luminosos que o normal. Cantarolou uns versos que ouvira os negros cantando: Quando acabar esse ouro das minas de Vila Rica, toda essa gente orgulhosa quero ver como é que fica.

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