O rei borboleta

8 E o olhar, então: era capaz de detectar uma pequena borbo- leta de tons verdes esvoaçando no meio de um matagal verde. Alguns juravam que ele devia possuir algum radar especial, um sexto sentido. Mas ele dizia que seu sucesso se devia ao fato de ele gostar muito de borboletas. Entretanto, apesar da sua carreira bem-sucedida de colecionador de borboletas, Mário Meira possuía uma frustração muito grande: faltava uma borboleta na sua coleção! Sim, ele ainda não tinha a raríssima Borboleta Imperial Randômica de Mirabela. Um espécime muito raro, que só podia ser encontrado na distante e exótica ilha de Mirabela. Por isso, mesmo tendo tantas borboletas na sua coleção, Mário Meira sentia-se como se não tivesse nenhuma! Todas pare- ciam não significar nada perto daquela umazinha só que faltava. E não que ele não tivesse tentado. Já tinha ido até a distante e exótica ilha de Mirabela atrás da tal espécie. E, pela primeira vez na vida, não havia conseguido caçar uma borboleta. Isto por- que essa Borboleta Imperial Randômica de Mirabela só era vista durante cinco minutos por dia. E não tinha horário fixo: podia aparecer de manhã, de tarde, de noite, de madrugada. Ela era uma das únicas espécies da natureza que não possuía um hábito. E ninguém conseguia encontrar o local onde ela se escondia. Corria mesmo a lenda de que a tal borboleta nem existia, que teria sido uma criação do Departamento de Turismo de Mirabela para atrair curiosos de todo o mundo até aquela distante e exóti- ca ilha. E se foi essa mesma a intenção, a ideia havia sido coroada de sucesso, pois turistas e colecionadores de borboletas de todo o mundo se acotovelavam para tentar fotografar ou caçar a rarís- sima Borboleta Imperial Randômica de Mirabela. E um belo dia, olhando para a sua gigantesca coleção de bor­ boletas com um ar tristonho, Mário Meira tomou uma súbita

RkJQdWJsaXNoZXIy NzM0MDA=