O leao Adamastor

8 cuecas, dentaduras, dinheiro, guarda-chuvas, lápis, lenços, livros, mochilas, óculos, passes escolares, perucas, pipocas, relógios, sanduíches, sapatos e outras coisas leves. Vendo o resultado de seu próprio berreiro, o soberbo felino estufava o peito e sorria de satisfação. Ah! como era vaidoso esse tal Adamastor! Certa noite de lua cheia, o homem que comia fogo sentiu-se mal. Primeiro foi uma dor de lado, depois uma palpitação, um enjoo e uma tontura. Então, o infeliz começou a vomitar. As labaredas que saíamde sua boca tomaram conta de tudo, chamuscaram barbas postiças, máscaras, perucas, cartolas e fantasias, subiram pela lona e logo o circo inteiro estava ardendo em chamas. A gritaria foi geral — socorro! fogo! fogo! — e também uma correria daquelas. Mais tarde, vieram os bombeiros e depois o fogo apagou. Quando o pior já havia passado, o proprietário do circo, Don Pepe Molina, em pé num banquinho, abriu os braços e, chorando, deu a seguinte declaração: — Senhoras e senhores! Respeitável público! Feliz- mente, a situação já está sob controle. Infelizmente, foi uma desgraça, mas já não há mais motivos para preocupação. Felizmente, graças ao Corpo de Bombeiros, o incêndio foi debelado. Infelizmente, o homem que cospe fogo foi medicado e demitido. Felizmente, todo o pessoal do circo,

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