Bem-vindos à casa da neblina

9 Empolgados, os meninos se colaram às janelas para ver a grande novidade. E não é que era um lugar diferente mesmo? Mais que todos, Cacau achou fantástico poder ver uma cidade inteira a partir de seus telhados. É que chegaram pelo alto. A estrada ia descendo, se transformando numa rua torta e estreita, com as casas, todas parecidas, agarradas umas nas outras. As fachadas ficavam bem perto da rua, não havia jardim nem garagem na frente. Ao sentir a falta de prédios e de apartamentos, Charles comentou com Íris que, com certeza, era daquele jeito que as pessoas moravam antigamente. Mas não pensou que, para eles, o que era velho era uma novidade, ou, no mínimo, curioso. – Uau! – Úrsula vibrou quando o sino tocou bem no momento em que o ônibus passava em frente à igreja. – O que é aquilo? – Gigi apontou para uma cara de pedra, no meio de um muro, com uma boca enorme jorrando água, que caía dentro de um tanque ao seu redor. – É um chafariz – dona Dolores explicou que antes não havia água encanada e as pessoas do lugar iam até lá encher suas vasilhas, para que pudessem beber, cozinhar ou tomar banho. – Puxa, levei o maior susto com essa cara! – Zazá comentou. – Não sei por quê – desdenhou Gigi. Algumas casas – as mais bonitas – tinham dois andares e sacadas diante das janelas mais altas. A diretora apontou para um casarão afastado, no alto de um morro, explicando que ali era a pousada onde iriam dormir. – Sinistro! – exclamou Pimba. Era tudo um pouco triste, achou Naná. Talvez porque faltassem árvores e flores ao longo daqueles becos. Mas o ônibus seguiu justamente em direção à natureza e parou diante do parque no final da rua, onde parecia acabar a cidade.

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