Meu lugar no mundo

12 — Vocês então conheceram o Albino? — Quem? — perguntaram os rapazes. E o velho contou: — Esse foi um rapaz de nosso tempo que um dia resolveu que a aldeia era pequena demais para ele. E saiu por aí, abraçando o mundo, um belo índio que queria namorar as moças da cidade. Ele acreditava que lá fora havia muitas coisas interessantes e quis partir. Mas o que aconteceu com ele foi horrível. Transformou-se num bêbado, um mendigo de rua. Infeliz e doente, o Albino não foi capaz de ter a humildade de voltar para sua casa. Preferiu se matar. Todos nós ficamos muito tristes. Nossa esperança era de que ele tivesse sucesso e voltasse para a aldeia cheio de boas novidades para nos contar. Agora, o Albino vive preso entre dois mundos. Seu espírito não se perdoa pelo mal que fez a si próprio, passa o tempo caminhando pelo mato, à procura de descanso. E, se não pudemos ajudá-lo enquanto vivo, imagine se ele aceitará ajuda depois de morto? Os jovens ouviram a história boquiabertos. E ficaram sabendo também quanto o Albino era bom caçador. A conversa foi longa. Até que o velho deu o assunto por encerrado, dizendo assim: — Nós podemos andar pelo mundo inteiro, mas, querendo ou não, sempre precisamos retornar a nossas raízes. E, se algum de vocês sair daqui e for infeliz, volte para receber nossos cuidados e nossa sabedoria.

RkJQdWJsaXNoZXIy NzM0MDA=