O livro dos sentidos

13 de outro, de repente abriu a boca: de dentro de sua boca saiu uma borboleta azul. O outro viajante ficou quieto, só olhando. A borboleta voava livre e solta. Perto havia um riachinho. No meio da água, entre uma pedra e um pouco de terra, tinha brotado uma flor. A borboleta, sempre alegre e dançarina, pousou na flor e começou a sugar seu néctar. O viajante que estava acordado, de brincadeira, só para ver o que acontecia, resolveu, com a mão, atirar um pouco de água na borboleta. A coitada levou um susto. Apavorada, voou correndo de volta para a boca. De maldade, o que estava acordado pegou uma folha no chão e tapou a boca do que estava dormindo, não deixando a borboleta entrar. O bichinho, aflito, girava no ar, sem saber aonde ir. O sono do homem então ficou agitado, o suor apareceu no rosto, ele se mexeu, virou de lado e a folha acabou cain- do. Rápido, a borboleta bateu asas, desaparecendo dentro de sua boca. O viajante, então, abriu os olhos e disse: — Puxa! Tive um sonho tão esquisito! Sonhei que esta- va viajando por uma estrada maravilhosa e cheguei na beira do mar. Decidi arranjar um barco e atravessar o oceano. Acabei chegando numa ilha distante e muito rica. Fui rece- bido como um rei e comi as melhores comidas e bebidas.

RkJQdWJsaXNoZXIy NzM0MDA=